O
espectáculo (da sociedade de consumo) que é a extinção dos limites do eu
e do mundo pelo esmagamento do eu que a presença-ausência do mundo
assedia, é igualmente a supressão dos limites do verdadeiro e do falso pelo
recalcamento de toda a verdade vivida sob a presença real da falsidade
que a organização da aparência assegura. Aquele que sofre passivamente a sua
sorte quotidianamente estranha é, pois, levado a uma loucura que reage
ilusoriamente a essa sorte, ao recorrer a técnicas mágicas. O reconhecimento e
o consumo das mercadorias estão no centro desta pseudo-resposta a uma
comunicação sem resposta. A necessidade de imitação que o consumidor sente é
precisamente uma necessidade infantil, condicionada por todos os aspectos da
sua despossessão fundamental.
Guy Debord, in 'A Sociedade do Espectáculo'
Guy Debord, in 'A Sociedade do Espectáculo'
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