Sofremos mais hoje que as gerações passadas
porque o estímulo da maquinaria, da multidão, da coisa impressa e do barulho
desgastou os tecidos protectores dos nossos nervos. Há compensações: esta
sensibilidade em carne viva ergue-nos a uma subtileza de percepção e de
coordenação nervosa e muscular que somos capazes de fazer coisas absolutamente
impossíveis aos homens primitivos e mesmo aos medievais. Ficamos na situação
dos músicos, cujos "ouvidos educados" os fazem sofrer com todos os
sons que não sejam harmónicos: esses músicos pagam o crime da sensibilidade
excessiva e possuem os defeitos das suas virtudes. Mas pensam lá eles em perder
tais dons em troca de se livrarem dos sofrimentos consequentes? Não há homem
moderno que queira desistir de uma sensibilidade que, se puplica o sofrimento,
também multiplica os prazeres.
Will Durant, in "Filosofia da Vida"
Will Durant, in "Filosofia da Vida"
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