Depressa compreendi como para um homem na
minha posição se tornava indispensável uma certa riqueza. Seria tão
desagradável para mim ter uma excessiva fortuna, como não ter nenhuma. A
dignidade e o respeito próprios são inseparáveis de um certo grau de desafogo.
Eis o que eu aprecio, aquilo de que eu necessito - mais do que as pequenas
comodidades que uma riqueza relativa permite. O que se segue a esta necessidade
de independência é a tranquilidade de espírito: é sentir-se livre dos cuidados
e dos empreendimentos ignóbeis que acarretam sempre as dificuldades monetárias.
É necessária uma grande prudência para chegar a este estado fundamental e
mantermo-nos nele; é preciso ter constantemente em mente a necessidade desta
calma e desta falta de preocupações materiais, que nos permite entregarmo-nos
completamente aos empreendimentos mais elevados e que impede que a nossa alma e
o nosso espírito se degradem.
Eugène Delacroix, in 'Diário'
Eugène Delacroix, in 'Diário'
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