Erasmo de Roterdão, in "Elogio da Loucura" (fala a Loucura)
O Belo Retrato do Sábio
Voltemos à feliz espécie dos loucos.
Passada a vida alegremente, sem medo ou pressentimento da morte, emigram
directamente para os Campo Elísios e vão deleitar com as suas facécias as almas
ociosas e pias. Comparai agora ao destino do louco o de um sábio à vossa
escolha. Citai-me um modelo de sabedoria que tenha gasto a sua infância e a
juventude no estudo das ciências e que tenha perdido o mais belo tempo da sua
vida em vigílias, cuidados e trabalhos sem fim e que se tenha privado, para o
resto da sua vida, de todos os prazeres. Vereis que foi sempre pobre,
miserável, triste, tétrico, severo e duro para consigo mesmo, insuportável e
desagradável para com os outros, pálido, magro, servil, envelhecido antes do
tempo, calvo antes da velhice, votado a uma morte prematura. Que importa,
aliás, que morra, se nunca chegou a viver! Tal é o belo retrato deste sábio.
Erasmo de Roterdão, in "Elogio da Loucura" (fala a Loucura)
Erasmo de Roterdão, in "Elogio da Loucura" (fala a Loucura)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário