Privamo-nos para mantermos a nossa
integridade, poupamos a nossa saúde, a nossa capacidade de gozar a vida, as
nossas emoções, guardamo-nos para alguma coisa sem sequer sabermos o que essa
coisa é. E este hábito de reprimirmos constantemente as nossas pulsões naturais
é o que faz de nós seres tão refinados. Porque é que não nos embriagamos?
Porque a vergonha e os transtornos das dores de cabeça fazem nascer um
desprazer mais importante que o prazer da embriaguez. Porque é que não nos
apaixonamos todos os meses de novo? Porque, por altura de cada separação, uma
parte dos nossos corações fica desfeita. Assim, esforçamo-nos mais por evitar o
sofrimento do que na busca do prazer.
Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'
Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'
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