Essas novidades fazem rever sob outros
aspectos o que se acreditava ter visto e pesado o suficiente; tenta-se apegar a
uma opinião e não se apega a nada; tudo o que é mais oposto e está mais apagado
apresenta-se a um só tempo; quer-se odiar e quer-se amar, mas ama-se ainda
quando se odeia, e odeia-se ainda quando se ama; acredita-se em tudo, e
duvida-se de tudo; tem-se vergonha e despeito por ter acreditado e duvidado;
trabalha-se incessantemente para deter a própria opinião, e nunca ela é
conduzida para um lugar fixo. (...)
Não se é feliz o bastante para ousar crer
no que se deseja, nem mesmo feliz o bastante também para ter a certeza do que
se teme mais. Fica-se sujeito a uma incerteza eterna, que nos apresenta
sucessivamente bens e males que nos escapam sempre.
La Rochefoucauld, in 'Máximas'
La Rochefoucauld, in 'Máximas'
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