Aqueles tratam dos vícios, das virtudes; esta
trata apenas das virtudes. Os sentimentos não conhecem a ordem da sua marcha. A
análise dos sentimentos ensina a fazê-la conhecer, aumenta o vigor dos
sentimentos. Com eles, tudo é incerteza. São a expressão da felicidade e da
infelicidade, dois extremos. Com ela, tudo é certeza.
Ela é a expressão daquela felicidade que
resulta, em determinado momento, de nos sabermos conter no meio das paixões
boas ou más.
Ela utiliza a sua calma para fundir a
descrição dessas paixões num princípio que circula através das páginas: a
não-existência do mal. Os sentimentos choram quando lhes é preciso, tanto como
quando lhes não é. A análise dos sentimentos não chora. Possui uma
sensibilidade latente, que apanha desprevenido, arrasta por cima das misérias,
ensina a dispensar guia, fornece uma arma de combate. Os sentimentos, sinal da
fraqueza, não são o sentimento! A análise dos sentimentos, sinal da força,
engendra os sentimentos mais magníficos que conheço.
Isidore de Lautréamont, in 'Poesias'
Isidore de Lautréamont, in 'Poesias'
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