Por uma legítima desordem da natureza do
homem, não se acha que o tédio, que é o seu mal mais sensível, seja o seu maior
bem. Pode contribuir mais do que qualquer outra coisa para lhe fazer procurar a
sua cura. Eis tudo. O divertimento, que ele olha como o seu maior bem, é o seu
ínfimo mal. Aproxima-o, mais do que todas as outras coisas, de procurar o
remédio para os seus males.
Um e outro são contraprova da miséria, da
corrupção do homem, excepto da sua grandeza. O homem aborrece-se, procura
aquela multidão de ocupações. Tem a ideia da felicidade que conquistou;
felicidade que, encontrando em si, procura nas coisas exteriores. Contenta-se.
Isidore de Lautréamont, in 'Poesias'
Isidore de Lautréamont, in 'Poesias'
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