Um rácimo ferral engrinaldado
Com rosas carmesins no seu regaço,
Tinha Marília um dia, e o pé, c'um laço,
De fita verde mar lhe tinha atado.
Eu, de seus magos olhos já tocado,
Junto dela cheguei com leve passo,
E furtando-lhe o cacho, dele faço
Néctar que a Jove, igual, nunca foi dado
Em taça de cristal, co'as mesmas rosas,
E do mesmo listão toda enfeitada,
O licor lhe fui pôr nas mãos mimosas.
Marília se sorriu, bebeu, corada,
O sagrado elixir e as deleitosas
Primícias deu d'Amor, por Baco instada.
Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'
Nenhum comentário:
Postar um comentário