Sonetos

Quando no assédio de quarenta invernos
Se cavarem as linhas de teu rosto,
Da juventude os teus galões supernos
Pobres adrajos se tiverem posto,

Se então te perguntarem pelo fausto
De teus dias de glória e de beleza,
Dizer que tudo jaz no olhar exausto,
Opróbio fora, encômio sem grandeza.

Mais mérito terias nessa usança
Se puderes dizer: "Meu filho há de
saldar-me a dívida, exculpar-me a idade",

Provando que a beleza é tua herança.
Fora tornar em novo as coisas velhas
E ver o sangue quente enquanto engelhas.
William Shakespeare

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