Sonetos

Nem mármore, nem áureos monumentos
De reis hão de durar mais que esta rima,
E sempre hão de brilhar nestes acentos
Do que na pedra, pois o tempo a lima.

Pode a estátua na guerra ser tombada
E a cantaria o vil motim destrua;
Nem fogo ou Marte apagará com a espada
Vivo registro da memória tua.

Há de seguir teu passo sobranceiro
Vencendo a Morte e as legiões do olvido,
E os pósteros, no juízo derradeiro,

Hão de a este louvor prestar ouvido.
Pois até a sentença que levantes,
Vives aqui e no lábio dos amantes.
William Shakespeare

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