(...) A predominância do costume é por toda a parte visível; de tal maneira que ficaríamos admirados de ouvir os homens declarar, protestar, prometer, fazer solenes juramentos, e depois vê-los proceder como tinham feito antes: como se fossem imagens mortas ou engenhos movidos apenas pelas rodas do costume. Vemos também o que é o reino ou a tirania do costume.
(...) Já que o costume é o principal magistrado da vida humana, deve o homem por todos os meios prover à obtenção de bons costumes. Certamente, o costume fica mais perfeito quando começa na juventude: a isso se dá o nome de educação, que não é mais, com efeito, do que um costume precoce. Assim vemos que em relação aos idiomas, é na juventude, e não mais tarde, que a língua se presta a reproduzir todos os sons, todas as expressões, todas as moções, todas as articulações indispensáveis para a boa pronúncia; porque é verdade que os aprendizes tardios não conseguem adquirir tal subtileza, com excepção de alguns espíritos que não se deixaram solidificar, mas que zelaram por ficar sempre abertos e preparados para receber continuado aperfeiçoamento, o que é extremamente raro. Mas se a força do costume, quando simples e reparada, já é grande, essa mesma força, quando copulada, conjugada, e colectiva, será ainda muito maior. Aqui o exemplo ensina, a companhia conforta, a emulação estimula, a glória eleva, de maneira que, em tais casos, a força do hábito está na sua exaltação.
A grande multiplicação das virtudes da natureza humana depende, certamente, das sociedades bem ordenadas e disciplinadas. Porque os Estados e os bons Governos podem alimentar as virtudes que estão a crescer, não podem melhorar as sementes. Tristeza é que os meios mais efectivos são hoje aplicados aos fins menos desejáveis."
Francis Bacon, in 'Ensaios - Do Hábito e da Educação'
Um comentário:
me ajudou muito hoje nas minhas duvidas.
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