Feliz Habitação da Minha Amada

Feliz habitação da minha Amada,
Ninho de Amor, albergue da Ternura,
Onde, outro tempo, a próspera Ventura
Dormia nos meus braços, descuidada.

Então, minha Alma terna, embriagada,
Gostava do prazer toda a doçura:
Hoje, contrária minha, a Sorte dura
Do teu Éden Amor, m'impede a entrada.

Com que mágoa, de longe te diviso!...
Com que pena cruel!...
Com que saudade!
Ah! que não sei como não perco o sizo!...

Bárbara Sorte! Ao menos por piedade,
Se me privas da entrada do Paraíso,
Deixa ver me, de Armânia, a divindade!
Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'

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