O homem é um ser que tem necessidades na
medida em que pertence ao mundo sensível, e, a esse respeito, a sua razão tem
certamente um encargo que não pode declinar em relação à sensibilidade, o de se
ocupar dos interesses da última, o de constituir máximas práticas, em vista da
felicidade desta vida e também, quando é possível, da felicidade de uma vida
futura. Mas não é, no entanto, tão completamente animal para ser indiferente a
tudo o que a razão lhe diz por ela mesma e para empregá-la simplesmente como um
instrumento próprio para satisfazer as suas necessidades como ser sensível.
Pois o facto de ter a razão não lhe dá absolutamente um valor superior à
simples animalidade, se ela só devesse servir-lhe para o que o instinto realiza
nos animais.
Emmanuel Kant, in 'Crítica da Razão Prática'
Nenhum comentário:
Postar um comentário